ENEM PARA QUEM?

Olá meus leitores, tudo bem? Como passaram a semana? Segunda postagem de novembro, e em um piscar de olhos o ano termina. E como acontece há alguns anos, nesta época nossos estudantes do Brasil todo ficam a se questionar: qual será o tema da redação do ENEM?

Muitos se preparam o ano todo, alguns se preparam durante todo o Ensino Médio, outros, se preparam no que tange tomar banho e por a melhor roupa para realizar a tão temida prova do MEC. O fato é que 30,2 % dos candidatos faltaram no primeiro dia da prova. E aí questiono: por quê? O ENEM não é uma grande porta de entrada para as melhores universidades do país? Insegurança, medo, falta de vontade ou perspectiva de um futuro melhor? Eis algumas das opções para tamanha falta.

Sem contar, é claro, aqueles que conseguem chegar atrasados. E não é por falta de informação, tanto nas escolas, quanto nas mídias. Se fosse para um show certamente não se atrasariam, aliás, como bem sabemos, ficariam dias a esperar pela abertura dos portões. Vergonha nacional.

De acordo com o Inep houve 6.731.344 inscritos, desses 2.033.590 não se fizeram presentes no primeiro domingo, ou seja, o segundo terá mais desistência. Por que escrevo isso com tanta precisão? Vamos enumerar alguns pontos:

– Primeiro: o tema da redação: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”, calma, antes de me atacarem, me explico. Inclusão é um assunto pertinente, que deve ser sempre discutido e debatido, que na teoria é lindo, mas infelizmente nem sempre funciona na prática, contudo, é algo a ser realizado por profissionais da educação, no que tange essa área, e não por adolescentes, na imensa maioria, que dificilmente se prepararam para um tema como tal.

– Segundo: acredito que professores que trabalharam com provas anteriores do ENEM em sala de aula salientaram a importância da interpretação. Correto. O ENEM é interpretativo e sabemos disso. Todavia, perguntas absurdas, que na maioria das vezes fogem do padrão de estudo da esmagadora massa de estudantes.

– Terceiro: 90 perguntas por dia. É muita questão. Textos enormes, alternativas imensas. Se o candidato realmente quiser resolver todas, estará perdido. E aí entra a sorte, e o bom e velho “chute”.

Ano passado preparei meus alunos para alguns temas, entre eles o Preconceito Religioso. O tema cobrado foi Intolerância Religiosa. Este ano trabalhei vários temas, entre eles Mobilidade urbana e As novas concepções de família no século XXI. Errei feio. Mas também, um tema que foge das discussões de sala de aula de muitos. Claro que certamente teremos redações nota mil (acredito que poucas), afinal, alguns candidatos possuem total conhecimento da área.

Agora, custa fazer uma prova menos radical? Um tema de redação mais simples e menos questões? Quantidade não é sinônimo de qualidade. Não adianta encher nossos alunos de perguntas se sabemos que não terão condições emocionais e/ou físicas de respondê-las.

Mas eu chego a uma fácil conclusão: menos aluno com nota suficiente para universidades federais, menos público para tais, então, por que manter tantas universidades em funcionamento? Educação não leva a lugar nenhum, devem pensar nossos governantes (vide a nova bagunça educacional gerada essa semana sobre professores PSS do Paraná), portanto, quanto mais difícil o ENEM for, melhor. Ah, e a culpa será de quem, caso poucas sejam as notas satisfatórias? Dou uma bala para quem adivinhar…

Até a próxima semana meus queridos e assíduos leitores.

 

 

 

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