Audiência pública em Clevelândia debateu ocupações de áreas da Olvepar
A Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Paraná, coordenou audiência pública nesta sexta-feira (17) no Centro Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Luz em Clevelândia, para debater a situação dos agricultores que ocupam áreas da massa falida da empresa Óleos Vegetais Paraná S/A – Olvepar. A questão se arrasta há mais de 16 anos, com disputas judiciais onde se opõem as questões legais e sociais.
Cerca de 140 famílias se instalaram nas Fazendas Chopim II, Moraes e São Francisco Sales, nos municípios de Clevelândia, Honório Serpa e Palmas. A reintegração de posse requerida pela massa falida ameaça os agricultores de despejo e o Incra, há quatro anos, tenta negociar a compra dessas áreas para efeito de reforma agrária.
A comunidade de agricultores pediu a ajuda da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania com o objetivo de agilizar as negociações com a antiga empresa para a aquisição dos terrenos e instalação definitiva das famílias abrigadas naquelas terras.
Ocupações – A Fazenda Chopim II, em Honório Serpa, com cerca de 200 alqueires, está ocupada por agricultores do MST desde 2004. São 24 famílias que exploram sete alqueires com produção agrícola e pecuária. O local recebeu serviços de energia elétrica há aproximadamente quatro anos e possui uma grande área de reserva de vegetação nativa.
A Fazenda Moraes está ocupada por famílias do MST há 14 anos. Com cerca de 200 alqueires de área total, abriga 24 famílias em lotes de cinco alqueires, dedicadas a produção agropecuária. A energia elétrica foi instalada há quatro anos. E a Fazenda São Francisco de Sales, com duas matrículas em nome da Olvepar, vem sendo utilizada para o cultivo de feijão, soja, milho e hortaliças, além de abrigar o acampamento Terra Livre.
Ações judiciais – Segundo o deputado Tadeu Veneri, durante a audiência foi feito um retrospecto sobre esse período de ocupação após a declaração da falência da Olvepar, empresa dedicada a operações de exportação de farelo e óleo de soja entre 1989 e 1996 e que já vinha em situação crítica. Em 2002 uma empresa que tinha crédito de R$ 15 milhões a receber da Olvepar, aceitou como pagamento crédito de ICMS que esta alegava ter com o Estado do Paraná. Embora o Tribunal de Justiça tivesse reconhecido o crédito como irregular ainda em 2000, o Governo autorizou, em 2002, o reconhecimento do crédito no valor de R$ 67 milhões. A Copel comprou os créditos com desconto, por R$ 39,6 milhões, com prejuízos estimados em R$ 84,6 milhões para os cofres públicos. Ações judiciais envolvendo irregularidades no procedimento administrativo de restituição de créditos de ICMS em favor da Olvepar S/A se desenvolveram ao longo de quase duas décadas, com sentenças prolatadas ainda este ano.
Cerca de 500 agricultoras e agricultores acampados realizaram uma marcha pelo centro do município no início da tarde desta sexta-feira (17), para reivindicar Reforma Agrária na região.
As famílias do MST trouxeram cerca de uma tonelada e meia de alimentos orgânicos para distribuir à população urbana, como forma de mostrar a produtividade dos acampamentos.
Os trabalhadores fazem parte de sete comunidades de acampamento que estão sob ameaça de despejo. Quatro delas integram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): Mãe dos Pobres 2 e Terra Livre, do município de Clevelândia, Sete Povos das Missões, de Honório Serpa, União Pela Terra, de Mangueirinha.
Informações: Sandra C. Pacheco – Assembléia Legislativa do
Paraná/ Porém.net / Clevelândia Online. Fotos: Daniel Rodrigues/Kelen Alves/Juliano Meyer