E O QUE FAZER COM A FOME?

Olá queridos leitores, tudo bem? Primeiramente quero pedir desculpas pelo atraso da crônica da semana. Vocês não fazem ideia da correria que está minha vida nos últimos dias. “Segundamente” quero compartilhar algo que ocorreu hoje. Na verdade este nem era o tema da minha crônica, mas acabou virando pelo simples fato de ter me emocionado.

Hoje, pouco depois do almoço, quando tudo já estava guardado, eis que alguém bate palmas no portão de minha casa. Minha mãe vai ver quem era. Era um homem. Um homem que poderia ser eu, poderia ser um parente meu, um amigo meu. Um homem que poderia ser você, caro leitor, poderia ser um irmão seu, perdido na vida. Enfim, era um homem. Talvez sem documento algum, com um nome qualquer, que talvez nem ele mesmo saiba qual nome possui. Era um simples e humilde homem.

O que ele pediu? Poderia ter pedido dinheiro, talvez para comprar bebida ou drogas. Poderia não ter pedido nada, simplesmente entrado em minha casa e levado o que bem entendesse, ou feito coisas piores. Mas nada disso ele fez. Ele pediu. Pediu um prato (por clemência) de comida e um copo d´água. Estava faminto, meu querido amigo leitor (já posso chamá-lo de amigo, né?). Sim, o pobre homem, simples vítima de uma sociedade corrompida, estava com fome. Queria comer e beber água. Eis que havia arroz, feijão, macarrão e alguns pedaços de bifes que restaram do almoço. Não eram sobras de prato. Era aquele alimento que realmente fica nas panelas para o famoso “requentê” noturno.

Mas você já sentiu fome, meu amigo? Já sentiu uma fome doida e não teve como saciá-la? Eu, graças a Deus, nunca. Então, foi servido um prato e dado a esse homem. Uma garrafa d´água gelada, também. Ele, ali, sentado na calçada, abaixo do forte sol do meio dia saciou-se. Agradeceu em mil palavras pelo que comeu e bebeu. Agradeceu e comeu. Comeu e bebeu.

E foi embora… Feliz, talvez, por ter almoçado. Sabe-se Deus quanto tempo ele não tinha uma refeição como aquela. E o que eu me pego a pensar agora, após saber, por minha mãe, dessa história: será que este homem jantou hoje? Sim, eu jantei, e ainda tive a capacidade de comer mais, após o jantar. Será que esse homem se alimentou além do almoço que teve? Em, meu Deus, será?

E quantas vítimas como ele sofrem de fome, não é mesmo? E o que fazemos? Damos um prato de comida ou nos negamos? Caso nos negamos, por medo ou pelo simples fato de que não damos “esmolas” a ninguém? “Cada um que se vire, afinal, tenho o que tenho porque trabalhei para isso”. Se você pensa assim, me desculpe a indiscrição, mas seja mais humano, por favor.

E o que é pior: tem gente que come do bom e do melhor e ainda reclama. Reclama do feijão com arroz diário. Sendo que muitos dariam tudo para ter esse prato diário. Por que será que há tanta injustiça nesse mundo? Utopicamente penso aqui enquanto digito essa crônica: até quando viveremos assim? Não vejo esperanças de isso terminar. Olhando para trás, sei que sempre tivemos mendigos. Sempre houve desigualdade. E a fome, quando acabará? Talvez quando alguém, como o homem que bateu palmas no portão da minha casa, hoje, for encontrado, sem vida. Fome mata. Mas o que mais mata é a ingratidão de muitos.

Obrigado pelo carinho, e até a próxima semana!

 

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