Pesquisa da Cacispar e Sebrae/PR revela cenário difícil para a economia da região Sudoeste
Com a quarentena decorrente da Covid-19, 73% das empresas tiveram faturamento reduzido nos últimos 30 dias, 24% já demitiram e 63% têm previsão de demitir nas próximas semanas
A Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Sudoeste do Paraná (Cacispar), as associações empresariais afiliadas e o Sebrae/PR realizaram pesquisa para compreender os impactos econômicos causados na região, em decorrência do isolamento social por conta da pandemia da Covid-19. Ao todo, foram coletadas 1.562 respostas, distribuídas por 38 municípios sudoestinos, no período de 15 a 25 de abril. Dos questionários, 20% foram respondidos por microempreendedores individuais (MEIs); 48%, microempresas; 23%, empresas de pequeno porte; 5%, empresas de médio porte; e 3%, empresas de grande porte.
Quanto ao setor, 54% das empresas atuam no comércio; 32%, na prestação de serviços; indústria, 9%. Além disso, 53% das empresas têm mais que dez anos de mercado e 71% das empresas pesquisadas têm entre um e dez colaboradores.
Um dos quesitos que merece destaque é o de demissões, com 24% de empresas tendo demitido nos últimos 30 dias e 63% com previsão de demitir nos próximos dois meses. Até o momento, segundo a pesquisa, 1.200 pessoas foram demitidas. A questão foi respondida por 598 empresas, o que dá média de duas demissões/empresa. Vale lembrar que a região conta com 76 mil empresas (segundo dados da Unidade de Gestão Estratégica (UGE) do Sebrae/PR, obtidos junto à Receita Federal).
Quanto a possíveis demissões, nas próximas semanas, 830 empresas responderam que devem demitir. Mais de 2.500 demissões devem ocorrer caso o cenário não seja modificado. Sobre a necessidade de recorrer a financiamentos, 62% das empresas responderam que deverão buscar crédito, enquanto 18% já fizeram financiamento nos últimos 30 dias.
O presidente da Cacispar, Carlos Manfroi, salienta que a iniciativa, em parceria com o Sebrae/PR, foi traduzir, em números, o sentimento e o discurso dos empresários e ACEs no tocante à pandemia de Covid-19. “Os dados confirmam o que se imaginava e servem para demonstrar às autoridades e à sociedade que é preciso olhar tanto para o problema de saúde, com o Coronavírus, quanto entender o que significa o travamento da economia e suas consequências negativas para o empresariado e colaboradores.”
Manfroi ressalta que é preciso manter os cuidados baseados na ciência e, ao mesmo tempo, procurar soluções para destravar o segmento econômico. “Com a pesquisa, queremos auxiliar os governos municipais e estadual, com informações que podem auxiliar nas tomadas de decisão. A equipe técnica da Cacispar e do Sebrae continuará cruzando informações e trabalhando na interpretação dos dados, de maneira mais aprofundada.”
Cesar Giovani Colini, gerente da Regional Sul do Sebrae/PR, destaca que a parceria com a Cacispar, quanto ao estudo de impacto econômico foi promissora, com uma amostra representativa de empresas da região – 91% das pesquisadas são de MEIs, micro e pequenas empresas, universo coerente com o foco e estratégia de atendimento aos pequenos negócios.
“O levantamento aponta que 90% das empresas pesquisadas já reduziram seu faturamento. Isso demonstra a gravidade da situação. Além disso, 79% sinalizaram a necessidade de crédito. Com a pesquisa, poderemos direcionar melhor nossos esforços, fornecendo orientações mais adequadas. Inclusive, no acesso ao crédito, o Sebrae orienta que seja feito de forma consciente. Sobretudo, buscar a linha de crédito adequada à realidade e, se possível, com apoio da Sociedade Garantidora de Crédito”, avisa Cesar.
O gerente também ressalta outro ponto importante, o impacto socioeconômico de encerramento de uma empresa. “É bastante considerável, altera a vida dos colaboradores e de suas famílias, com o desemprego. As linhas de crédito e as medidas provisórias (como a nº 936) podem ser alternativas para manter as atividades das empresas e o Sebrae também pode ajudar nesse sentido, informando como os empreendimentos podem se reorganizar, se reinventar, para não fechar as portas”, completa.
Pesquisa Situação das Empresas do Sudoeste do Paraná – Período de isolamento social
Faturamento nos últimos 30 dias:
Reduziu de 26% a 50% – 25%
Reduziu de 51% a 74% – 20%
Reduziu de 11% a 25% – 15%
Reduziu de 75% a 99% – 13%
Inadimplência:
28% das empresas tiveram aumento de até 10% na inadimplência
20% das empresas tiveram aumento de 11% a 20% na inadimplência
15% das empresas tiveram aumento de 21% a 30% na inadimplência
16% das empresas tiveram aumento acima de 31% na inadimplência
Número de demissões: – 1.200*
(*A resposta não era obrigatória – a medição representa a realidade de 598 empresas de um universo de 76 mil no sudoeste, dados da Unidade de Gestão Estratégica (UGE) do Sebrae/PR, obtidos junto à Receita Federal)
21% das empresas fizeram de uma a cinco demissões
2% das empresas fizeram de seis a dez demissões
76% das empresas ainda não demitiram
Demissões nos próximos 60 dias, se a economia não for destravada: (A resposta não era obrigatória; os dados representam a realidade de 830 empresas de um universo de 76 mil no sudoeste do Paraná, dados da Unidade de Gestão Estratégica (UGE) do Sebrae/PR, obtidos junto à Receita Federal) Número previsto de demissões – 2.525.
Linhas de crédito:
18% das empresas já fez financiamento nos últimos 30 dias
36% das empresas precisarão de financiamento nos próximos 30 dias
26% das empresas precisarão de financiamento nos próximos 60 dias
Risco de fechar a empresa:
18% – alto
32% – moderado
1% – já encerrou as atividades
Expectativa quanto à economia da região, após a pandemia da Covid-19:
39% – melhorar
33% – piorar
14% – piorar muito
Fonte: Assessoria