POR RODRIGO TOIGO: UM SONHO UTÓPICO
Olá leitores, tudo bem? Hoje vou contar para vocês um sonho que eu tenho: pegar o meu carro e viajar, sair por aí sem caminho nem destino, ouvindo Cazuza, Raul Seixas e Renato Russo. O rumo? Sei lá. Pode ser o litoral ou o interior. Cidade ou mata, o importante é estar em paz comigo mesmo. Parando para descansar aqui e ali, fazer um lanche rápido e depois, voltar à estrada. Que sonho, hem?
Mas como realizar, pergunto a vocês. Até parece fácil, contudo, quando olho o preço do combustível, me desanimo. Sim, fico triste e sem forças para realizar o meu tão querido desejo. Gente amada, quando o ponteiro da gasolina do meu carro começa a diminuir, meu peito dói. Quando passo por um posto de combustível, minha carteira se esconde no bolso.
Claro, há momentos que sou “obrigado” a parar para abastecer. E aí? Sinto até calafrio. Meu cartão de crédito parece que não quer sair da carteira, fica ali, preso a ela. Porém, não adianta. Tanque cheio, conta bancária um pouco mais vazia. É sempre assim.
Para piorar, afinal, tudo no Brasil pode ser pior do que imaginamos, além de vender combustível, a maioria dos postos têm lojas de conveniência, e convenhamos, é uma “mão na roda”, onde se vendem refrigerantes, cafés, salgadinhos, chocolates, sorvetes, enfim… uma festa. E claro, que os olhos, como são maiores que a barriga, ajudam a aumentar os gastos.
Até agora só falei no alto valor dos combustíveis. Aí me pego a pensar, meus amigos, tanque completo, há a necessidade de ir até alguma cidade vizinha, para um rápido passeio ou até mesmo a trabalho. Só de pensar me dá um calafrio: asfaltos esburacados me esperam. Esse pensamento me fere o peito. Afinal, todo cuidado é pouco. Reflito: ainda bem que pago meu IPVA em dia. Ainda bem que ele é destinado aos asfaltos, que possuem manutenção periódica. Mas logo lembro que estou sonhando, mais uma vez.
Coloco o “pé na estrada” e percebo que era mesmo só um sonho, pois a realidade é esburacada, ou seriam as rodovias, em especial, estaduais? Enfim, uma saída seria a privatização, e aí pagaríamos duas vezes pelas estradas, não é? Entretanto, seguimos caminho, avante, sempre.
E o meu sonho de viajar por aí, longe, sem destino algum e data para voltar? Bem, ele fica bem guardadinho em meu peito, em minha alma. Quem sabe um dia, sim, um dia, eu possa utopicamente realizá-lo.
RODRIGO A. TOIGO
Professor e acadêmico de Jornalismo