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Cães de rua em Clevelândia – Um assunto que nunca sai de pauta

Uma cena já rotineira e infelizmente, muito triste, é a de se deparar com os cães abandonados que vagueiam pelas ruas da Meiga Terra, e nem sempre o termo “abandonado” quer dizer que o animal não tem dono, uma parcela deles tem um tutor que por descuido ou a pretexto de não gostar de ver o bicho preso, deixa que ele desfrute do ir e vir fora dos limites do seu pátio.
Por mensagem na página do Clevelândia Online no Facebook ou pelo Whatsapp, são inúmeros os pedidos de ajuda que recebemos diariamente, as pessoas que nos procuram querem voz e visibilidade para mostrar quantos problemas são causados irracionalmente pelos animais: “Moro no bairro Araucária e estamos vivendo um verdadeiro inferno por conta dos cachorros ali soltos, alguns da rua e outros possuem donos mas não ficam nos pátios”, “Cinco cachorros correram atrás do meu filho que estava de bicicleta, ele caiu e se machucou todo, os cachorros só não atacaram por que uma mulher saiu da casa e ajudou ele” , “Por favor, alertem que as pessoas que passam a pé pela Coronel Manoel Ferreira Belo perto da casa do se cuidem, tem uns 10 cachorros ali, deve ter cadela no cio no meio, mas a gente passa apé e eles avançam.” , são algumas das situações que chegam até nós.
Mais recentemente recebemos o relato de uma pessoa portadora de deficiência física que com todo o cuidado mantinha em sua companhia um gato de estimação, o bichano vivia dentro de casa e eventualmente dava uma voltinha no pátio que é aberto, numa manhã, quatro cachorros o atacaram e gato sem defesa, mesmo sendo levado ao veterinário, acabou morrendo, horas depois quatro cavalos estavam dentro do pátio da mesma pessoa “eles destruíram o meu pátio” relatou.

Com menor frequência também chegam mensagens pedindo ajuda para doar animais que alguém de bom coração resgatou, aliás, por falar em pessoas de bom coração, como elas estão escassas na sociedade, na questão dos animais de rua, são poucas que fazem muito e muitas que não fazem nada.

Mas será que a responsabilidade é dos voluntários na causa animal? Não, não é. Tudo o que eles fazem é por amor e pelo senso de responsabilidade social que os proprietários que pegam um filhotinho fofo e o abandonam quando cresce ou antes ainda, quando ele rói o primeiro pé de Havaianas; ou que deixam seus animais reproduzirem a vontade da natureza, não tem.

Na foto, um cão que está sendo cuidado por uma moradora do bairro Nelson Eloi Petry depois de ter sido abandonado naquele local.

O caos que já se tornou o abandono e o livre tráfego sem a supervisão do tutor dos cães nas ruas de Clevelândia precisa urgentemente de políticas públicas efetivas para ser solucionado.
Não é somente pelo perigo de ataques instintivos a outros animais ou seres humanos, nem pela questão estética das ruas, mas também e de extrema importância, pela questão de saúde pública, visto que diversas doenças podem ser transmitidas pelos animais aos seres humanos, entre elas, destacam-se a raiva, a leptospirose e a giardíase; as duas primeiras podendo ser letais.

Há quase dez meses aconteceu uma ação de castração gratuíta no município, porém depois disso, fêmeas que não foram castradas podem estar perto de ter a segunda ninhada de filhotes no ano. Muito além de castrar é necessário conscientizar a população e até mesmo censear os animais podendo assim ter controle e responsabilizar os tutores em casos de cães vagueando pelas ruas, além de dar um destino digno para aqueles que já estão nas ruas. Quanto a possíveis soluções, na sessão da Câmara de Vereadores no dia 06/06/21, o vereador Luciano Loyola, relembrou da sua luta desde o mandato passado pelo terreno para a construção do Canil Municipal e/ou Centro de Zoonozes o qual foi conquistado para o município mas que até aqui ainda não existem estudos ou projetos que o utilizem para a finalidade conquistada, o vereador citou e parabenizou ainda a ação do colega de legislativo Pedrinho Kleininbing que recentemente esteve na cidade de Francisco Beltrão visitando o Centro de Zoonoses que funciona com baixo custo o que torna viável a implantação nos mesmos moldes em Clevelândia. A fala do vereador foi ainda complementada pela apresentação de um documento de 18 de maio de de 2022 que foi assinado pelos nove vereadores solicitando ao executivo municipal o estudo de viabilidade para a implantação do Centro de Zoonoses de Clevelândia, mas salientou que ainda não haviam recebido respostas. No ponto de vista do vereador e sem dúvidas de boa parte da população clevelandense, a retirada dos animais das ruas, castração, acolhimento e posterior doação para pessoas responsáveis é uma medida que não causará gastos exorbitantes e refletirá na questão da saúde pública.
Na mesma sessão o vereador Pedrinho Kleininbing observou que a Lei de Diretrizes Orçamentárias do município prevê três milhões e duzentos e sessenta mil reais destinados anualmente para Secretaria do Meio Ambiente, e que na sua opinião é possível separar um recurso dentro deste valor para atender o Centro de Zoonoses.

Por fim, ao organizar as informações recebidas pelos leitores do Clevelândia Online e ouvir novamente as falas dos representantes do povo, acabei lembrando e refletindo no famoso verso da letra escrita por Alcy José de Vargas Cheuiche “Bicho não tem alma, eu sei bem Mas será que vivente tem?”, conclui que nos resta esperar que sejam tocadas as almas dos viventes, sociedade e poder público, e que estes se apressem em ações que possam dar um pouco de dignidade ao grande número de animais que perambulam por Clevelândia, que em breve o assunto da pauta da causa animal seja animador.